sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Comediante lésbica portuguesa protesta lançamento de livro anti-casamento homossexual

HMartins A orientação sexual não se escolhe, mas pode condicionar outras opções, como o casamento, defendeu a activista lésbica Helena Martins, que hoje protestou contra a data escolhida para lançamento do livro "Porque Não - Casamento Entre Pessoas do Mesmo Sexo".

O livro, escrito pelo juiz de Direito Pedro Vaz Patto e pelo sacerdote Gonçalo Portocarrero de Almada, foi apresentado hoje na livraria Alêtheia, em Lisboa, a dois dias de serem discutidas e votadas, na Assembleia da República, as propostas de Governo, PSD, BE e Partido Ecologista Os Verdes e também uma petição por um referendo sobre o casamento homossexual.

Segundo Helena Martins, fundadora da associação Lesbians Out Loud, que tentou, em vão, organizar uma manifestação para hoje, o protesto "nunca seria contra a publicação" da obra da Alêtheia, "pois as ideias devem ser debatidas", mas "contra a altura escolhida para o lançamento".

"É um facto que as editoras têm livros para vender e que o lançamento nesta semana faz todo o sentido em termos de marketing, mas os autores e a editora têm de ver que há pessoas que podem sair lesadas com este tipo de ideia", declarou a activista de 37 anos aos jornalistas, à margem da sessão.

Justificando a impossibilidade de concretizar a manifestação por ser "muito complicado pedir às pessoas que dêem a cara", Helena Martins - que assume a sua homossexualidade "na família e no trabalho" - afirmou que o que os autores do livro estão a fazer é "continuar a instigar à homofobia e à exclusão".

"Quero mostrar que, se me espetarem uma faca, eu sangro, se me magoarem, eu choro, e que tenho direito a viver a minha vida em pleno. Não o faço neste momento porque o facto de haver leis para uns e leis para outros ou a não inclusão, na lei, de todos, permite a discriminação", declarou.

"Onde fica a minha dignidade quando eu não posso assumir certos direitos com a pessoa com quem estou? Eu e a minha companheira preparamo-nos para viver juntas e temos a intenção de casar, se a lei for para a frente" e "mesmo que não quisesse casar, é importante ter liberdade de escolha", sublinhou.

Afirmando que "a orientação sexual não é uma questão de opção", pois se tivesse podido escolher era heterossexual, já que "tudo seria mais fácil", Helena Martins, directora de vendas web em Lisboa, contou aos jornalistas que viveu um período "muito tortuoso", durante dois anos, até assumir a sua homossexualidade.

A activista, que fundou a associação Lesbians Out Loud em Londres, onde viveu durante seis anos, e que é comediante lésbica (http://www.helenamartins.com) nos tempos livres, foi "completamente heterossexual até aos 18 anos" e "sonhava casar", não tendo podido ainda concretizar esse plano devido à sua homossexualidade.

Helena Martins considera ainda que "não compete à maioria referendar os direitos ou liberdades das minorias", pois "se assim tivesse sido sempre ao longo dos anos, hoje ainda teríamos muitas injustiças em todo o mundo".

Fonte: Lusa e Ionline

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