quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Quem guarda as ovelhas? O lobo! (Ou Corrupção, Democracia e Cidadania)

A corrupção é, por definição, tornar podre.
É do conhecimento geral que na sociedade existem, mas seguramente não estão identificados, uns criminosos que desviam dinheiro, bens e vantagens para seu próprio proveito.

Esses criminosos, que tornam a democracia podre, que minam a sociedade pela raiz, estão virtualmente em todas as esferas do poder: no poder político, nos serviços públicos, na esfera financeira. Não, eles não assaltam à mão armada nem matam com arma branca. Isso é método de pobre mal vestido. Eles usam a sua posição de poder para se apropriarem do que não é seu e, no processo, prejudicam gravemente a todos nós. Sim, estou a associar mão criminosa a esta “crise inicialmente financeira e agora atingiu a economia real”.

Mas a identificação do criminoso de corrupção não é fácil. Quando alguém, por exemplo o Bastonário da Ordem dos Advogados, levanta a suspeita e diz o que todos sabemos, o poder judicial faz uma investigação? Sim. Instaura um inquérito a quem produziu tão tresloucadas afirmações. O Poder legislativo produz normas preventivas? Sim. O deputado Socialista apresentou projectos anti-corrupção. O seu chefe disse que eram uma asneira e ofereceu-lhe um bilhete só de ida para Londres. O poder político toma alguma acção? “Deus nos salve de tamanha ameaça à classe!”

A prova é ainda mais difícil: eles são inteligentes, educados pelas melhores faculdades. O que podem uns poucos técnicos de investigação, que não arranjaram melhor colocação, contra os melhores do seu curso, com pós-graduações nas Business Schools institucionais onde são instruídos em práticas de falta de ética comprovadamente eficientes? Muito pouco. E o castigo? Esse é virtual.

Alem da constatação dos factos o que podemos fazer?

A Democracia possui mecanismos correctivos ou só nos resta a Anarquia?

Posso estar em negação, mas quero acreditar que antes de nos juntarmos à luta armada, que está a ter cada vez mais adeptos, ainda nos resta alguns mecanismos. Após 35 anos, em que substituímos ”o nosso pai” ditador por uma elite, podemos transformar a nossa democracia representativa em democracia participativa e passarmos a ser independentes. A cidadania está na moda. Sabemos que “sair do ninho” tem os seus custos mas está na hora.

Logo pela manhã ouvi na rádio que o Parlamento Europeu lançou uma petição anti-corrupção, apoiada pelos eurodeputados Ana Gomes e José Ribeiro e Castro. À luz do Tratado de Lisboa, se e quando for aplicado, qualquer petição com mais de um milhão de assinatura é obrigatoriamente objecto de legislação (!?). Continuava a notícia que se destina a acabar com a facilitação da corrupção, por exemplo, nos países africanos. Eu, de facto, gostaria de saber como é que a filha do Presidente da Republica de Angola foi buscar o dinheiro para comprar parte do banco português BPI no valor de 164 milhões de euros, enquanto as crianças de Luanda morrer de raiva por não terem atendimento hospitalar nas 24 horas após serem mordidas. Mas não entendo a restrição do âmbito.

E então a corrupção nos EUA? O “desaparecido” dinheiro de ajuda à reconstrução do Iraque, para as empresas norte-americanas reconstruírem o que os militares profissionais norte-americano destruiria? Quem era suposto gerir essas verbas? As altas patentes militares!

E você como vai hoje exercer a cidadania?

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